Esperança

Minha predisposição ao regozijo pela dor me impõe a uma busca incessante por algo que me é impalpável, nesta minha mera e superficial condição de um medíocre e vulnerável mortal. Consternado a viver em uma sociedade hipócrita que cada vez mais exerce influências sobre a materialidade da minha “consciência”.

Uma conspiração que emerge com o intuito de tornar todos em pessoas ditas normais, pessoas normais que declaram guerras, que produzem bombas, que consomem insensatamente sem um real fundamento ou necessidade ativa, pelo puro prazer de consumir (é o que elas acreditam), pelo miserável e controlador ter e possuir.

Estou sendo sumariamente consternado por uma fadiga que é alheia a minha vontade, meus anseios consomem-se em pura ânsia de satisfazerem-se numa alternância de emoções, meu humor acompanha sem propósito a volupiosidade que me tornei.

Serei eu amaldiçoado por desistir a tal ponto de tolerar o insuportável que vive em mim?. Sem aspirações para um possível futuro, não tenho presente, não vivo. Minhas lágrimas secam sem ao menos escorrerem por meu rosto, sem que ecoe minha displicência e soe um primeiro soluço, estarei preso pela eternidade nesta condição que posterga minha inútil existência e submete meu ser á uma criatura muito maior ou talvez quem sabe muito menor que um miserável porém invejável humano.

Busco comprazer-me em pequenos delitos contra mim, procurando extinguir assim o pouco de humano que ainda me resta. Serei eu o ser menos humano que existe? No que me tornarei quando não mais o for? Estou condenado a esta exaltação medíocre que compõe minha estúpida hipocrisia, que se desprende de mim como algo que me é alheio, recôndito ao mais desconhecido dos sentimentos humanos, que me absorvem em pura exultação do que não mais sou.