DESPEDIDA A UM GRANDE AMIGO

Cada um tem sua forma de homenagear uma pessoa querida que partiu, a minha é escrever algumas palavras na esperança de que outros possam conhecer um pouco da sua essência e sua memória continue viva em nossos corações.

Nunca fui daqueles que acham que quando uma pessoa morre vira santo e Fredy tinha muitos defeitos e qualidades (além de umas esquisitices), me lembro bem:

Fredy não gostava de usar meias nem cuecas, gostava de cantar e tocar violão mas só era realmente bom nas músicas do Tim Maia, no restante ele só “enganava”. Nunca foi um cara violento, bem pelo contrário, mas alardeava que era exímio praticante de artes marciais, sinceramente eu não acreditava, pois em vários anos, cada vez que ia demonstrar algum golpe o repertório não passava de dois e eram sempre os mesmos, desconfio que na verdade, como eu ele deve ter frequentado algumas aulas quando era criança e só.

Fredy não sabia dizer não a um amigo quando era convidado para alguma coisa, seja uma festa ou um jogo de futebol, mas aparecer no local combinado era outra história. Fredy gostava de jogar futebol (quando aparecia) e era um zagueiro marcador como poucos que vi, compensava qualquer falta de habilidade com uma garra impressionante, era o tipo de cara que o atacante podia dar 03 dribles e ele ainda estava fungando no cangote, nunca desistia.

Fredy nunca foi um cara convencional, parecia se divertir indo contra a maré do “gosto geral”, não ligava para roupas ou coisas do tipo, comida era o que o próprio nome diz: comida; pois seu prato invariavelmente era uma mistura de arroz, feijão, massa, strogonoffe, frango, saladas de todos os tipos e o que mais estivesse a disposição no bufe. Seu prato era invariavelmente uma montanha imponente e colorida. Apesar de ser um cara bonito, mulheres magras e estilo corpinho violão não faziam o seu tipo, gostava mesmo era das bem gordinhas e quando ouvia alguma piadinha não se abalava e dizia: vocês é que não sabem o que é bom.

Nunca vi o Fredy de mau humor, sempre estava com um sorriso no rosto e com uma brincadeira na ponta da língua, fazia o estilo “bobo da corte” e adora (nós também). Nunca vou esquecer uma festa de final de ano da empresa em que ele subiu no palco e armado com o microfone do videokê iniciou cantando algumas músicas sóbrias, para no decorrer do “show” descambar para uma interpretação apoteótica de “Robocop Gay dos Mamonas”, com direito a performance teatral e dança, tudo na frente do superintendente (inicialmente) sisudo da empresa que no final também não se conteve e desatou em sonoras gargalhadas. Apesar de brincalhão, tinha um senso de responsabilidade e profissionalismo acima da média, literalmente sabia a hora de brincar e a hora de trabalhar sério. Tinha um sentido de urgência muito grande e não tinha o menor receio de pedir demissão se achasse que outra empresa estivesse mais adequada a suas pretensões profissionais.

Fredy era engenheiro civil e num curto período de tempo adquiriu muita experiência à base de muito esforço e um inegável talento com os números, estava em ascensão profissional e tinha um futuro promissor pela frente.

Como eu disse no início, Fredy não era nenhum santo e sim um ser humano como poucos que conheci, um cara trabalhador, um pai e marido dedicado e um amigo leal.

Fredy partiu em uma manhã chuvosa de 21 de dezembro de 2009 aos 33 anos, vítima de acidente de trânsito, deixou os amigos, pais, irmãos, esposa e uma filhinha.

Fredy, nunca tive a pretensão de querer entender os mistérios da vida e apesar do sentimento de tristeza e injustiça que hoje me domina, tenho certeza que um dia ainda vamos nos encontrar novamente e dar boas risadas juntos como nos velhos tempos.

Até algum dia meu grande amigo...

NOTA: Na foto acima, eu estou de boné no centro. Fredy esta a minha direita (de óculos e camisa polo clara)

Cesar Fonseca – 26/12/09