Passantes

Passantes... Pedintes... Pessoas... Almas... Nada!

No meio da multidão habita a mais profunda, silenciosa e mortal solidão

Hoje eu observei a quietude dessas aves sem céu, sem vento

Todas ao redor de si mesmas, mas não se protegendo, e sim fugindo dos outros

Amores que nascem no dia e somem na noite

Ódios que persistem, vão se alimentando dos espectros da dor

E todos estão assim, todos nós estamos assim: famintos!

Famintos por amizade, por carinho, por lealdade, por eternidade

Ao meu lado o menino chorava, ninguém escutava

Ele queria um boneco, a simples mecânica que liberta a imaginação

Mas é apenas uma criança, apenas uma partícula... Célula não-ativa

Na rua: são apenas meninos, são apenas sombras... Eles choram nosso sorriso

Silenciaram o pobre espírito, prostituíram os seus ideais

Não vai ser a comida, nem um agasalho, nem mesmo nosso dinheiro

Nada disso vai inserir luz na vida desses “malditos por definição”

E o que mais dói é que, aos poucos, isso começa a não fazer diferença

Ecoava na mente:

Vai viver sem depois?

Vai fingir que não viu?

Esquecer quem se foi?

Amargar os dias frios?

Vai cantar sem sentir?

Vai amar sem querer?

Vai plantar sementes sem vida e esperar morrer?

... Não! Não se deixe vencer!