Exagero Existencial

Não venho me limitar,

só quero me descrever.

Sou o pequeno e o grande;

sou o enfermo e o são.

Poderia ser palhaço...

sou apenas engraçado;

queria ser poeta,

mas a vida não deixou.

Sou um feto esquecido,

um homem decidido;

minha maior paixão

é uma doce ilusão.

Meus momentos reais

sempre são muito iguais.

Sou o mistério calado...

o dos olhos molhados

no escuro do quarto!

Tenho o riso perdido

e o amor ressecado.

Não sou tão querido,

mas sou muito amado.

Sou o vento da casa,

a poeira no ar...

sou o marruá enclausurado,

e não me deixo levar...

Queria poder voar;

queria poder sonhar...

Tendo sonhos frustrados,

queria poder planejar!

Será que posso?

Pois sou a estática mental,

o estático olhar...

sou O ser surreal,

um exagero existencial.