SER LOUCO ÀS VEZES CONVÉM

Ela era sonsa. Dissimulada.

Fazia-se de louca, de doente mental. Com laudo médico e tudo mais.

Não entendia nada do que falávamos, apenas aquilo que para ela era bom entender. Com a língua solta, falava sobre a vida de todos.

“Botava reparo” em tudo, assuntava.

Queria saber o que cada um fazia em sua vida pessoal. Seus comentários eram todos desnecessários. Sua opinião não tinha nenhuma relevância. Absolutamente, nenhuma palavra que ela pronunciava valia a pena ser escutada.

Era somente mais uma no mundo, mais uma anônima que leva uma vida insossa e besta. Insignificante como a maioria das pessoas.

Nada, ela não fazia absolutamente nada o tempo todo. A não ser falar as suas corriqueiras besteiras. Era inapta para tudo, carregava consigo uma inaptidão para vida.

Se realmente a seleção natural valesse, ela não teria passado de lactante. Com justiça.

Somente olhar para o seu rosto já me causava desânimo. A fala dela é algo de nauseante.

Às vezes a civilização cansa.

Frederico Guilherme
Enviado por Frederico Guilherme em 16/12/2009
Reeditado em 16/12/2009
Código do texto: T1981536
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