SER LOUCO ÀS VEZES CONVÉM
Ela era sonsa. Dissimulada.
Fazia-se de louca, de doente mental. Com laudo médico e tudo mais.
Não entendia nada do que falávamos, apenas aquilo que para ela era bom entender. Com a língua solta, falava sobre a vida de todos.
“Botava reparo” em tudo, assuntava.
Queria saber o que cada um fazia em sua vida pessoal. Seus comentários eram todos desnecessários. Sua opinião não tinha nenhuma relevância. Absolutamente, nenhuma palavra que ela pronunciava valia a pena ser escutada.
Era somente mais uma no mundo, mais uma anônima que leva uma vida insossa e besta. Insignificante como a maioria das pessoas.
Nada, ela não fazia absolutamente nada o tempo todo. A não ser falar as suas corriqueiras besteiras. Era inapta para tudo, carregava consigo uma inaptidão para vida.
Se realmente a seleção natural valesse, ela não teria passado de lactante. Com justiça.
Somente olhar para o seu rosto já me causava desânimo. A fala dela é algo de nauseante.
Às vezes a civilização cansa.