DESEJO
O desejo nos faz tontos e cativos.
Cativos do nosso próprio desejo, do objeto do desejo.
E pior é desejar e não desfrutar daquilo que desejamos.
Se desfrutamos o que desejamos, logo o desejo passará e dará lugar a um outro desejo, e outro, e outro... Talvez ainda mais intenso.
Como o Buda pôde prescrever uma vida sem desejos?
Queria ele abolir nossa condição humana? Mentir o que somos?
Pois se não desejo nada, nada sou.
O desejar sou eu mesmo.
Quando desejo, mesmo não obtendo o que desejo, sinto que sou eu este desejo.
E sei que estarei sempre a desejar.
Não, não. Sou muito ocidental para negar essa condição desejante.
Desejo agora esquecer o Buda.
Para desejar sem sentir culpa.
Desejo um futuro de realização dos meus desejos.
Desejo um futuro para desejar ainda mais.
Desejo que alguém deseje o meu desejo.
A festa não pode acabar.