DESEJO

O desejo nos faz tontos e cativos.

Cativos do nosso próprio desejo, do objeto do desejo.

E pior é desejar e não desfrutar daquilo que desejamos.

Se desfrutamos o que desejamos, logo o desejo passará e dará lugar a um outro desejo, e outro, e outro... Talvez ainda mais intenso.

Como o Buda pôde prescrever uma vida sem desejos?

Queria ele abolir nossa condição humana? Mentir o que somos?

Pois se não desejo nada, nada sou.

O desejar sou eu mesmo.

Quando desejo, mesmo não obtendo o que desejo, sinto que sou eu este desejo.

E sei que estarei sempre a desejar.

Não, não. Sou muito ocidental para negar essa condição desejante.

Desejo agora esquecer o Buda.

Para desejar sem sentir culpa.

Desejo um futuro de realização dos meus desejos.

Desejo um futuro para desejar ainda mais.

Desejo que alguém deseje o meu desejo.

A festa não pode acabar.

Frederico Guilherme
Enviado por Frederico Guilherme em 14/12/2009
Código do texto: T1978104
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