Indiferença
A indiferença dói. A indiferença vai além da dor. A indiferença lacera silenciosamente sem nos dar a oportunidade de revidar. Nada diz e tudo significa. Fica presente no ar, úmida, viscosa, a escorrer seu visgo, impregnando corpo e alma. Alimenta-se de si mesma e cresce inexoravelmente até quase ser possível tocá-la. A indiferença plasma fantasmas. Vai além da agressão, porque na agressão existe a possibilidade da reação. Na indiferença há só o silêncio que mutila. Um nada vazio e imponderável. Na indiferença dilacera a dor do desprezo. É agulhas a penetrar a alma, latentes, frias, translúcidas, sufocando a vida . Por não permitir reação a indiferença é, antes de mais nada, um ato de covardia.