VITA

Há muito tempo convivo com um medo constante, um medo que creio eu, divido com todos. Um medo diferente do outros, não é um temor; Algo que me reprima para não acontecer. Isto porque é um medo real, certo, minha única certeza. Depois de tal descrição, sei que não é nem preciso citá-lo, mas serei redundante e irei revela-lo. Desde conheço a vida, tenho medo da morte.

Não acho que seja a única a temer, mas não posso falar pelos outros, apesar de tentar fazer isto com bastante frequência. Posso falar por mim, que vivo com este pesadelo em mente e vez ou outra, sou atormenta da por ele.

É estranho como tudo na vida ao ser simplificado é comicamente contraditório. No meu cotidiano, pelo menos na maior parte do tempo me esqueço que sou uma mortal e finjo que viverei para sempre. Mas toda vez que algo acontece, como me sentir só, como quando caio em frustração, quando vejo um sonho realizado não corresponder as minhas expectativas, quando não consigo realizá-lo, quando vivo um momento tão mágico que temo que ele se acabe, quando amo tanto alguém e não posso mante-lo próximo a mim, quando amo alguém que se mostra não existir, quando penso que não poderei saborear minhas lembranças, quando penso que não serei uma lembrança. Em todas essas vezes a morte se faz presente e o medo toma meus pensamentos. Ironicamente é nessas horas em que me sinto mais viva.

Nessas horas reflexivas da vida é que sinto que o melhor de viver um momento maravilhoso não é ele em si, é te-lo vivido, é poder lembra-lo quando quiser, é poder dividi-lo, é a graciosidade de eterniza-lo tornando-o inesquecível.

Nestas horas, também penso nas coisas bobas, nas brigas irrelevantes, dos atos que não me orgulho, das tantas horas perdidas em frente a tv e fico agoniada por pensar que gastei em vão esse bem tão precioso que é viver. Bom, mas por ironia concluo o pensamento agradecendo por essas futilidades, são essas coisas bobas, essas horas "perdidas" que valorizam cada vez mais os próximos minutos, que mesmo tendo a certeza da morte, fazem com que eu queira viver cada vez mais. Para ter novas oportunidades, para acumular cada vez mais lembranças, para viver intensamente, errando, perdendo, ganhando, caindo e levantando até que um dia eu possa me tornar uma lembrança inesquecível.

Débora Castro
Enviado por Débora Castro em 05/12/2009
Código do texto: T1961980
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