Romance, sangue e melodia.

Lendo um livro e ouvindo músicas aleatórias de sua lista. Todas se encaixam muito bem com tudo. Começa uma batida conhecida. Ai não, essa música, ela pensa sozinha.

[Larga o Livro. Arruma-se na cadeira. Aumenta o som. Fecha os olhos. Apoia o rosto nas mãos. ]

Seu inglês ruim é ouvido pela casa, que está quieta e adormecida. Antes que se de conta, o pé começa a marcar o rítimo da bateria envolvente. A cabeça vai lá longe buscar aquela lembrança; não foi fundo o suficiente pra chamar de recordação.

[Abre os olhos. Fixa-os no nada. Rói uma unha. Bate o pé mais forte. Entra nun transe.]

Derrepende os músculos tensos do rosto relaxam e começam a se recontrair, mas agora em um leve sorriso de canto de boca, que é quase imperceptivel.

[Sorri por completo. Retoma o livro. Canta o resto da música. Abaixa o som.]

Sacode a cabeça, mas não consegui distinguir se foi pra espantar os pensamentos, ou se foi para não concordar com algum pensamento seu.

[Longo suspiro. Joga a cabeça pra trás. Fecha os olhos.]

Conforme a batida vai terminando, cresce mais ainda a lembrança, até ficar maior que ela. Maior que eu, ela diz baixinho, igual como se deve falar ao pé do ouvido de alguém.

[Pega o celular. Vê que está tarde.]

A música acaba e começa um rock com guitarras a mil. Ela sacode a cabeça e dessa vez é para dançar ao rítimo da batida. É assim que se limpa os pensamentos, ela chega a conclusão.

[Fecha o livro. Levanta da cadeira. Joga os braços pro ar. Espera que a música não acabe nunca]

Gabriela Mendes
Enviado por Gabriela Mendes em 05/12/2009
Reeditado em 08/03/2010
Código do texto: T1961225
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