Desenho
Quem desenhou no meio do tempo
este velho, que feito um homem centenário,
trabalha incansável nesta máquina de solidão?
Por onde foram pintadas suas mágoas ressecadas?
Mas, há reféns nestes cativeiros vazios!
As mãos escrevem, noites em silêncio;
meus dias sem amor.
Devo ter sido eu,
que desenhei esses dezembros, por aí!
E mutilei esses olhares,
com meu proprio lápis,
enquanto a pedra da madrugada esmerilhava o tédio.
Feito almas que se arrastam pelas paredes,
desses corredores estreitos,
que a imaginação reproduz por todos os lugares;
dragões voadores que arrastam seus pescoços,
pelas crateras que o próprio silêncio deixou em mim.
Hávidas, as minhas mãos abrem e fecham essas janelas.
Os abismos do egoísmo, não possuem final.
Quando percebemos, já estamos caíndo!
Edmilson Cunha
01.01.2009