O Livro e a Cachaça, O "Certo e o Errado"
Estou, às sete horas e quarenta minutos desta manhã de domingo, acordado, visto que mesmo tendo despertado às cinco da madrugada só encontrei forças agora para erguer-me. Tenho que ir ao supermercado, por que seria estranho se houvesse o que comer num fim de semana em uma república estudantil. Supermercado! Citando um poeta* contemporâneo: “não é lugar de ser feliz". Não é! Os olhares claramente incomodados pelo simples fato de que meus gostos e traços não se encaixam dentro do padrão.
Confesso! Prefiro, hoje, lugares mais populares. Como mais satisfeito no mercado da feira, que no melhor restaurante da cidade, pelo simples fato de que o primeiro espaço vem acompanhado das verdades cotidianas que fazem parte da vida, e que necessitam de maquiagem para se sentirem a vontade no segundo lugar.
Já não discuto entre o valor das melodias de Mozart e os sons inspirados do mestre Gonzaga, entre a importância de um livro e uma garrafa de cachaça. Por que o livro pode ser mal compreendido, enquanto a cachaça vem sempre acompanhada. Se a companhia for bem escolhida dá conta de uma biblioteca.
Hoje eu escolho brigar pelo que acredito, ao invés de conciliar para simplesmente evitar o atrito. Com isso descubro que não há certo e nem errado. Pois agora é certo para mim e errado para outros, no futuro será certo para todos, ou errado.
Quanto ao supermercado... um garoto de aproximadamente 11 anos foi preso por roubar um pacote de biscoito. Quando a polícia chegou o mesmo gritava – “estou com fome, estou com fome!” Neste mesmo momento em que os policiais saiam do estabelecimento, chegou outro garoto de não mais que 13 anos e estacionou um carro de luxo ao lado da viatura e os soldados nada fizeram. Duas infrações cometidas pelos garotos. Sabe qual a diferença real de uma para a outra? É que o garoto do carro é filho do dono do supermercado.
*Zeca Baleiro.