A vida como ela é...
Hoje voltando para a casa, estava na janela do ônibus, observando como sempre a rua, o movimentos de carros e pessoas. Era por volta de 8:30h da noite e uma mulher aparentemente jovem entrou na lotação. Era cega. Por coincidência estava lendo a uma semana atrás o livro "Ensaio sobre a cegueira" do Saramago (aliás, muito bom) e fiquei pensando na doença, nas pessoas que ficam cegos, nas que nunca tiveram a oportunidade de enxergar, e em um determinado momento pensei:
"O que será que ela pensa? Pra onde será que ela está olhando? O que ela enxerga?"
Pensei que se fosse eu, sinceramente não sei como reagiria. Fraqueza minha. A vida continua, a mulher informou onde iria descer e começou a andar em uma rua enorme, escura e vazia. Cega. Apenas ela e o auxílio de sua bengala. A partir daí pensei:
"Que coragem dela e que besteira minha. A vida tem que continuar. Não porque ficar em casa sentada dependendo dos outros."
As vezes não sabemos a real condição de uma pessoa e pensamentos como o que me ocorreram são comuns e acontecem com todos. A cada dia que ando pelas ruas, vejo que a vida não é aquele mar de rosas que é pintado e que a realidade é mais cinzenta do que parece. Felizmente, podemos perceber alguns raios de luz entre esses asfaltos.
A vida segue...