A razão que me falta...
Julgo-me capaz, melhor...
E sinto pena de mim.
Percebo na minha garganta um nó,
E sinto confessar que sou assim:
Causadora de tanta mágoa,
Tanta dor.
Sinto por mim certo rancor.
Sabendo e me enxergando torta,
Finjo de morta, para tentar dirimir
Minha dor.
Quero morrer diferente do que sou.
E vivo lutando para não antecipar
Essa minha sorte;
Por me sentir covarde; incapaz de
Mudar.
Não sou par para ninguém.
E não vejo ninguém tolerante o
Suficiente para ser meu par.
Enxergo-me em um mar sangrento,
Sofrido;
Causado por caprichos inúteis - dos
Quais ainda não consigo me desvencilhar.
Às vezes faço mesmo como charme;
Outras vezes percebo que houve um
Quê de maldade.
Mas quase sempre, me escondo da
Minha racionalidade, e faço mau uso
Do meu livre arbítrio.
Então, me perco na minha essência
Dominada por paixões voluptosas,
Descabidas e desnecessárias.
E, quando retorno dessa minha viagem
Em negra heroína, me sinto fraca por
Ter ferido a quem amo.
Todavia, há algo em mim que
Permanece lutando, insistindo que,
Em meu momento estúpido, estive
Certa, mesmo que parcialmente.
Finalmente, quando tomo consciência
De que tudo que eu achava lindo já
Está destruído,
Percebo meu amor a chorar;
E me culpo por acreditar que na estupidez,
Quando me falta a lucidez,
Possa existir alguma razão.