Fugaz
Águas de setembro encharcam meu chão
Elaboro uma sentença que aniquila meu querer
Não posso mais me dar ao luxo de te esperar
Não possuo espaços vazios para te acomodar
Aninho em algum cômodo minha tristeza de você
Sua ausência não diminuiu um momento sequer
Aquela dor revive em mim sem que eu a alimente
Seu silêncio é a música mais cruel que ouço
Desprezei finalmente aquele jardim que quis
Foi-me impossível cultivar a falta de seu olhar
O barulho de sua existência sepultada dói
Você foi a minha melhor era conhecida
Sobra a procura de uma excelência escondida
Em algum lugar talvez a encontre órfã de mim
Detesto a saudade que tenho de você
Mas hoje recaio no mesmo erro que incorri um dia
E logo, num momento entrelinhas, escapo
Assim, pelas arestas, fujo do meu querer fugaz