Todo cuidado é pouco quando se trata de calos...

Todo mundo tem um calo. Um ou mais. Por isso, deve-se ter muito tato e pouca pressão ao se tocar esses pontos sensíveis, além de se evitar fazê-lo com muita frequência.

Há gente que diz que ama o outro. Mas, vira e mexe, está lá pisando impiedosa e insistentemente nos calos do pobre coitado, como se com essa atitude fosse fazê-los desaparecer. E não compreende que, assim, estará apenas fazendo-os crescer e se tornarem ainda mais sensíveis. Neste caso, se esquece de que os relacionamentos harmônicos demandam concessões de ambos os lados -- não pise nos meus calos e eu não piso nos seus.

E se o calo da pessoa pisante e insistente constitui-se justamente no que faz o outro ser contente -- não por ser calo, mas por ser algo que faz o outro crescer e se expandir como pessoa --, então o relacionamento torna-se impossível. Ainda mais quando o pisante coloca-se constantemente como "vítima" da "incompreensão" do outro, como se estivesse a dizer com todas as letras que o outro deve mudar radicalmente o rumo de sua vida, apenas pra satisfazer a vontade do pisante, pra se adaptar inteiramente a ele, não importando se isso convém ao outro ou não, se isso irá sufocar inteiramente a espontaneidade e a felicidade dele. E isso se torna ainda mais grave quando o calo do outro foi justamente causado pelo constante cerceamento à sua individualidade.

Ocorre que o respeito à individualidade é a chave da boa convivência.

E se a pessoa pensa que a individualidade do outro não lhe serve, então só lhe restará duas alternativas -- ou aprende a aceitar este fato, ou parte pra outra.

E que deixe os calos dos outros em paz.

Maria Iaci
Enviado por Maria Iaci em 21/11/2009
Código do texto: T1935989
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.