Deus
Perdoe-me a descrença, é que me recuso a crer na tua existência preso aos moldes daqueles que dizem te representar. Nego-me a acreditar nestes discursos que só beneficiam ao orador. Não me permitirei jamais ver-te como aquele que castiga e pune. O que seleciona os bons e os maus e diz em sua “sabedoria” quem ascende ao “céu” ou sucumbi ao “inferno”.
Prefiro-te Deus sem a necessidade de qualquer apresentação, apenas aquele que está no amor e no ódio, no direito e ao mesmo tempo no esquerdo, que estabeleça paradoxos, mas que nunca enxerguemos o embate entre contrários e sim o todo.
Percebo-te sempre na vida e na morte; no ar, chuva, céu, mar; no claro raiar do dia e na mais acentuada escuridão. Encontro-te em tudo o que posso ver, e o que não vejo, sinto; o que não sinto, ouço; o que não posso ouvir, cheiro; e o que não consigo cheirar, vivo; vivo intensamente com toda a minha alma o sublime êxtase de estar.