Escravizar-se por amor?
A paixão é um consórcio entre o amor e o ódio; é o cárcere onde aprisionado o amante ou amado é escravo por querer... – estranha forma de amar! Ah, uma escravidão sem uma pequena fenda para olhar nascer e se pôr todos os dias o sol da liberdade!...
Amar não é e nunca foi escravizar-se à pessoa amada... Amar é ter liberdade para galgar os próprios passos..., conseqüentemente dar confiança a quem ama a voar para onde quiseres ir à certeza do regresso...
A paixão quando incompreendida torna imprudente o homem em suas ações, quando este se deixa guiar pelos pensamentos incolores, malditas criações suas!...
Sentir ciúme da pessoa amada é natural para o amante, só não é natural quando este ciúme revela em atitudes maldosas... Neste caso, a paixão que era apenas um estado de graça passou a ser uma enfermidade de espírito...
Se o amor que tu amas é fruto de uma paixão sombria, procures vencê-la amigo, libertando-te deste cativo. Sei, terás pela frente batalhas sangrentas... – se desejar ser livre é esta a única maneira...
E libertar-se não quer dizer desapartar-se, mas compreender teus sentimentos por esta mulher, dar confiança... Só se por ventura não guardar-te fidelidade, aí a separação é inevitável!
Não há maior agonia para um homem que fazer-se escravo a uma mulher por seus sentimentos de paixão... E maior beleza é viver uma paixão onde há confiança mutua. A liberdade de ambos passa a ser única e, estes dois pássaros ungidos por um amor que liberta e não escraviza, voam confiantes aos ternos vôos da vida em comunhão com o amor...
Amar é dar liberdade ao amor que se ama!
(do meu livro: Vinho, Amor e Mulher)