Você não precisa gostar, mas deve respeitar.
Se a gente for analisar bem, até o mais justo e cordato entre os seres humanos, todo mundo tem algum tipo de preconceito -- seja social, racial, sexual, intelectual, comportamental, religioso, seja com doenças, nacionalidades, ideologias e até com coisas banais, como cores, signos zodiacais, animais de estimação, marcas de carro, objetos os mais variados, profissões, times esportivos, expressões linguísticas, entre tantos outros exemplos.
A questão, a meu ver, já que somos todos imperfeitamente humanos, está em que se procure ser cuidadoso na manifestação dos próprios preconceitos, uma vez que não conseguimos combatê-los devida ou definitivamente.
Por mais idiossincrático que seja, você tem todo o direito de não gostar de uma determinada coisa ou pessoa ou comportamento ou seja lá o que for. Mas, desde que não se trate de uma aberração perigosamente anti-social que ameace o bem estar geral -- como no caso dos bandidos psicopatas, dos corruptos inveterados e dos arrogantes nazi-fascistas --, deve respeitar o outro nas suas escolhas, na sua origem e no seu modo de ser.
Isso se chama civilidade e também atende pelo nome de cosmopolitanismo.
E é disso que o mundo precisa desesperadamente.
Só pra ilustrar, um conhecido meu tem um baita preconceito em relação a gente pouco educada. Evita ao máximo o contato com gente assim, porque parte do princípio que, mais cedo ou mais tarde, sofrerá algum tipo de constrangimento caso dê abertura ou intimidade. Mas nem por isso sai por aí maltratando os pouco polidos ou falando mal deles. Apenas se resguarda e guarda pra si este sentimento preconceituoso.
Um dia ele me confidenciou este fato e acrescentou que sente muita vergonha por isso. Ele tem consciência de que uma pessoa rude pode, ainda assim, ser bacana em vários aspectos, mais ética e justa do que muito educado por aí. Disse que, portanto, tenta trabalhar esta falha, mas não conseguiu ainda obter sucesso. Bem, não serei eu a condená-lo e julgá-lo por isso...
Obs.: segundo Houaiss, "cosmopolita" significa:
"6 - Derivação: por extensão de sentido.
que ou aquele que faz muitas viagens, adaptando-se rapidamente ao modo de vida dos locais por onde passa."