08.11.09

É possível mudar quem somos; mudar de opinião? Renegar um passado não tão distante, questionar suas convicções? Ainda sou aquela de um minuto, um dia, um ano atrás?

As vontades, os ímpetos, todos os impulsos, são todos eles válidos, são todos partes de Um?

Os questionamentos são constantes, a insegurança me é intrínseca e não sei o que desejo. Não tenho coragem de focar, de eleger e mirar em um alvo apenas, como se a imprevisibilidade da vida funcionasse como um veneno paralisante, picada de cobra letal que imobiliza sua vítima, condenando-a a ver o tempo passar com os olhos esbugalhados, a ver o fim se aproximando em uma velocidade inebriante demais. Falhar em algo invalida todas as minhas ambições ocultas. Sou? Não sou? Conseguirei? Não? O eterno não saber da vida me amedronta até a alma.

Observo o mundo ao redor com o deslumbramento de um recém chegado, mas internalizo tudo com a ponderação de um ancião. O mundo...ele nunca surpreende. Suas possibilidades são tantas que a imprevisibilidade já é uma certeza, um clichê, lugar comum do que não é, do que não foi, do que nunca poderia ter sido. Poderia? Ou não? A liberdade de viver, de escolher e de fazer é a maior responsabilidade possível. Cada gesto, cada escolha, cada pensamento e cada palavra matam outros que nunca puderem tornar-se realidade. Vão para o paraíso dos esquecidos, dos não nascidos, dos abortados pelo trator feroz da vida, que de tão generosa, nos mata com sua crueldade.

JaquelineS
Enviado por JaquelineS em 08/11/2009
Código do texto: T1912837
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