QUEIXAS
 
     Queixo-me das pessoas. Mas o que são as pessoas? Criaturas humanas? Personagens? Personalidades? Individualidades? Quem são esses sujeitos morais ou jurídicos, com os quais me relaciono? Que influencia exercem sobre mim e vice-versa?
     Na verdade, não me queixo das pessoas assim, genericamente. Queixo-me de algumas pessoas: vazias de mente, de conteúdo, de idéias e ideais. Queixo-me do descompromisso, da ausência de comprometimento com o que fazem.
     Queixo me de pessoas folgadas, em constante atitude de contemplação diante da vida, como se dela não fizessem parte. Queixo-me de quem se utiliza das pessoas para obter vantagens, sejam elas quais forem. Queixo-me da falta de caráter, do puxa saquismo barato, da ausência de profissionalismo.
     Queixo-me de quem alardeia que faz, mas não faz. Cuja prática vai muito aquém do mínimo desejado.
      Queixo-me, mas não me afeto. Reconheço que existem poucos com os quais posso contar. E em muitas ocasiões (na maioria das vezes), constato que pude contar apenas e tão comente comigo mesma.
     Mas não vou desistir na minha busca pelo entendimento e aceitação da espécie humana, com suas fraquezas e descaminhos, mesmo diante de tantas queixas.