Amanhecer o Melhor de Mim

Todos nós temos nossos demônios,

Pecados e sentenças a cumprir.

Tudo que tiramos são frutos de nossas próprias mãos,

Uns chamam de destino,

Outros de obra divina,

De imperfeição, entre outras coisas.

Alguns escolhem a quem amar,

A quem ou o que idolatrar,

Em que crê,

Isso nos torna mais ou menos ignorante?

Ou tudo isso e simplesmente insignificante?

Eu fui vitima de meu próprio sistema,

Traidor de minha própria consciência,

Meu próprio inquisidor.

Fui réu, advogado de acusação,

Promotor, juiz e meu próprio carrasco.

Minha sentença:

Viver de agonias,

Dias sem paz,

Noites sem dormir,

Revirando as grades de minha liberdade, que me sufocou,

Consumindo minha alma.

Eu, ser tão seguro de mim,

Superficialmente sangro pelos poros,

Toda a fragilidade de uma criança,

Que necessitada de colo,

Perde sua inocência,

Pelas ruas escuras de sua vida.

Eu, tão auto-suficiente,

Deixo cair a máscara diante da dor,

Para revelar-me um cristal,

Que ao cair se estilhaça,

Ficando impossível de recompor.

Então vago fatigado,

Por um mundo fantástico.

Minha fábula contada tantas vezes,

Para que eu acredite estar vivendo,

Para eu não esquecer,

Que me esqueci de separar a ilusão do real,

A emoção da razão...

Perdi a noção,

Os passos,

Quando tentei retornar,

Já era tarde, pois não deixei marcas por onde passei.

Hoje, a todo custo tento me encontrar,

Ou, ao caminho que deixei escapar por entre os dedos,

Por insensatez, orgulho e falta de humildade.

Fiz de meus passos relevantes,

Passos sem importâncias.

Por muitos caminhos eu encontrei fantasmas,

Mundos tão pequenos e mesquinhos...

E me afundei ainda mais neste deserto.

Tantas mentiras, tantas traições,

Pensando estar possuindo ouro,

Quando dei por mim, era latão!

Seduzido por belezas tão vazias,

Pelas flores mortas, anjos caídos,

Loucos para roubar toda minha aura.

Perdi minhas forças, minhas metas e crenças...

Luto para não enlouquecer,

Para ter um pouco de esperança,

Embora cinza esteja, o que fora meu El Dourado.

Mas persisto, sou uma pedra no sapato do destino,

Da obra divina, de minha imperfeção.

Um dia vou voltar...

Encontrarei uma alma que me traga em segurança.

Voltarei a viver, a sorrir - como já sorri um dia.

Não quero encontrar o amor, mas uma verdade,

Para seguir adiante,

Para ver amanhecer, o melhor de mim,

Que guardo para dar.

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 29/10/2009
Reeditado em 23/11/2009
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