Retrato (ou... O desespero) 

À frente... Esse retrato

Quem é esse? Sou eu?

Quem sou? Quem sou agora?

Eu?

Quem?

Moi?

Sensibilidade, música, poesia...

Sensibilité...

Quem? Quién?

Eu... Eu... Eu...

Sou eu...

E aqui, lágrima, dor, saudade

Amores passados... Amor... Amour...

Quanta raiva, decepção, prazer, ilusões...

Passadas, passé, passate...

Angelitude?

Sou gente. Meu coração é  de gente.

Corazón de gente... Cuore di gente, coeur de gens

Mas quem sou?

Um coração, um tambor, que bate, bate, bate...

Paixão?

Desespero?

Vaidade?

O retrato se cala, ali, na estante.

E meu peito se agita,

Aqui, dento de mim...

Onde esta minha verdade?

Minha face?

Posso vê-la na lua?

É verdade o que mostra esse retrato?

Ou, o que diz esse espelho, hoje?

Sou vaso quebrando

Nuvem passando...

Sou angelical, animalesco, alucinado.

Sou água, sou demônio, sou prostituta.

Sou sacerdote... Pastor, de ovelhas, de gente, de águias

Sou xamã?

Sou respiração?

Sou dor?

Sou corpo?

Menino, que chora

Nesse espelho, nessa sala, nesse peito, nessa hora...

Onde estou? Donde estoy? Ou je suis?

O tempo me lapida, me morde, me corrói...

Quem sou?

Quem é esse no retrato? 


Eron Levy
(POeTA RaSCUnhEIRo DE SaLTo)