MEAS (Movimento Estudantil do Alto Sertão): Estado de Ocupação
São nos momentos mais críticos que descobrimos com quem podemos contar. É sem dúvida nestes momentos de dificuldade extrema que se faz necessária a construção de unidades, onde os interesses individuais são esquecidos em prol de uma coletividade muito mais ampla, muito mais abrangente. Em momentos como estes deixamos de ser caetiteenses, guanambienses, cruzalmenses, enfim, esquecemos nossa naturalidade. Tornamos-nos unebianos, e aos que se negam a se assumirem como tal, revejam o que de fato estão indo fazer em cada Campus nos quais estudam. Pare e pense novamente o que você fez para melhorar essa universidade. E não se preocupe em responder, sua resposta só serve a você.
E foi desse abandono de interesses individuais, em beneficio de todo o coletivo que nasceu o MEAS (MOVIMENTO ESTUDANTIL DO ALTO SERTÃO). Abandonamos as equações matemáticas, as construções sintagmáticas, os estudos teóricos ingleses da obra de Shakespeare, os processos químicos que constituem o corpo humano, os levantamentos de tempo e espaço. Deixamos de nos educar fisicamente e de propor soluções pedagógicas; deixamos de tentar administrar realidades utópicas, tomamos as rédeas de uma luta que só interessa a nós. Entendemos que para que sejamos capazes de exercer nossa subjetividade com dignidade é preciso que o todo esteja em equilíbrio e é por este equilíbrio, por essa ordenação, que estamos aqui.
Falaram em todos os meios possíveis e de todas as formas possíveis sobre o movimento de ocupação. Falaram bem e mal, falaram muitas vezes do que nem sabiam, mas não deixaram de opinar, chamaram-nos de desocupados, baderneiros e até de comunistas. A mídia de credibilidade foi imparcial na cobertura dos fatos, a de boteco tomou partido de uma realidade da qual não tem nem se quer uma opinião plausível para apresentar. A rede televisiva regional permaneceu de costas por um tempo, e quando nos olhou ainda o fez cheio de julgamentos.
Qual o estado da UNEB? OCUPADO! Por quanto tempo? ATÉ QUE SEJAMOS OUVIDOS. A universidade não está ocupada por um monte de estudantes que não tem o que fazer como foi falado por diversas vezes. Não! Ela está ocupada por pessoas cheias de esperanças e que cansadas de esperar, e desiludidas pelas falácias cotidianas e medidas paliativas que só amenizam os problemas, fizeram o que todo sujeito dito cidadão deveria: Exigir o respeito aos seus direitos e ao cumprimento efetivo desses direitos.
Por fim devo dizer que poderíamos embasar nossos discursos em qualquer um dos grandes filósofos que se destacaram na história da humanidade, mas não! Prefiro citar um dos companheiros do movimento que disse: “A UNEB tem uma “arma” apontada pro nosso coração, quando nos obriga a assistir seis aulas de uma mesma disciplina, a UNEB tem uma “arma” apontada pro nosso coração, quando oferece cursos com apenas dois professores efetivos, a UNEB tem uma “arma” apontada para o nosso coração...” espero que essa mobilização prove não só a nós mesmos, mas a toda a sociedade que quando nos unimos em prol de uma causa nobre e nos dedicamos a ela, as mudanças acontecem. “Não é o povo que tem que temer o seu governo, é o governo que tem que temer o seu povo”. (V de Vingança, 2005). Enquanto houver força e esperança, estaremos lutando.