Vi la princia

Levantei-me de meu sepulcro, senhora... Porque assim ordenava uma força incomum.

Ao cadáver selado, energia fora oferecida... Oriunda desse olhar fulgurante! Como um relâmpago que cinde o negro celestial de uma noite serena...

E em seu encalço dei as primeiras passadas (tortuosas!)...

Veja só! Um morto que era capaz de vislumbrar um futuro em insólitas paisagens oníricas...

Isso, meu amor, porque seus dedos aferraram-se aos meus... E ao seu lado, que diferença poderia haver entre vida e morte?

...

Com a existência reconstituída, vivenciava o amor mais terno e pueril que o mundo jamais conhecera! E não se trata de presunção do que escreve...

Abandonava o breu de um cárcere ocluso, esta alma que adentrava na mais feérica atmosfera!

À simples junção de nossas mãos, minha senhora...

...

E quando, então, tocaram-se nossos lábios pela primeira vez... Estava claro que o Universo poderia se contrair por inteiro! Pouco importava em qual plano existencial estaria... Desde que pudesse estar ao seu lado...

O mundo inteiro poderia sofrer um colapso!

Viesse o Apocalipse! O meu caminho já era iluminado pela estrela mais bonita... A qual as forças físicas não puderam deter de cair à Terra.

...

Mas você se foi.

E solitário me vi em meio a imensidão do mundo... Tantas imagens incríveis agora queimavam como filme em chamas!

E eu assistia de joelhos as cinzas chegarem ao céu...

Mais enegrecido do que jamais estivera.

Raphael de Oliveira
Enviado por Raphael de Oliveira em 27/10/2009
Reeditado em 25/11/2009
Código do texto: T1889265