O limitar das palavras

O limitar das palavras.

Reflito a cerca delas. Movem o mundo quer rumo à paz, que rumo às guerras. Aquecem um coração ou destroem uma longa amizade construída. Em segundos exaltam, ferem. Lapidam e destroem. Acertam e são premiadas. Erram e conduzem à derrocada. Soerguem depois dinamitam. Poderosas palavras.

Inocentes as vezes. Quanto já foi dito e que não se queria dizer? E quantas foram caladas no peito, na vontade acuada, no desejar oprimido e ficaram esquecidas. Quantas se perderam no vento voraz do tempo sem trégua?

Poucas, pouquíssimas, quase uma só e por vezes dizem tudo, resumem tratados, chegam onde pretendem chegar. Muitas, em cascatas, redundantes, volteantes, prolongadas não chegam ao fim.

Coerentes sem aprisionar as idéias. Exaltadas sem vulgarizar o dizer. Ferinas, mitigantes.

Doces conquistadores. Apaixonantes. Elogiosas respeitosamente. Sensuais no ponto da sutileza. Gozosas. Propulsoras: do Inferno ao Paraíso com ou sem passagem de volta.

Acalentadoras, de fé que abrandam a dor, de afeto que amenizam a angústia. Da terra ou do céu.

Albergando coração sem calor. Condutora de perdidos sentidos. Chave. Prisão. Senha.

Puras. Contaminadas. Saudáveis. Recém-nascidas. Terminais. Densas ou pueris.

Palavras marcadas, grafadas, queimadas a ferro. Tatuadas.

Registradas. Palavras pagãs.

Inaudíveis.

Perecíveis.

Simples palavras, curadoras, milagrosas palavras. Esperançosas. Recolhendo flores do abismo.

Palavras...

Só, unicamente, uma única exceção as torna de certo incapazes,as neutraliza,zera o relógio, apaga as letras.

Um único concorrente a supera, uma única letra ela incapaz de dizer, falar, traduzir, transcrever ou irradiar.

Excepcionalidade.

As letras do OLHAR.

Indizíveis.

Intraduzíveis.

Inexplicáveis.

O olhar, esse, resoluto, autônomo e independente... Não requer qualquer palavra.

Dispensáveis palavras.

Quer dos quereres da alma ou dos desejos do coração.

# Criado a partir da reflexão quanto a frase “O desejo da alma II” do Poeta Raimundo Antônio Souza Lopes.

http://www.recantodasletras.com.br/poesiasdeamor/1871934

Roseane Namastê
Enviado por Roseane Namastê em 22/10/2009
Código do texto: T1880974
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