À SOLIDÃO (queira sentar-se!)
Quando eu me sinto assim, ausente,
perdido numa vaga sensação que o mundo foi embora,
é a hora, eu sei, aquieta-se o espaço!
Senta defronte a mim a solidão,
girando o laço.
Por ela já não pressinto
o coração rompendo em lágrimas,
ante a devastação que ao breu conduz
meu peito, um chão sem cio.
Engulo a dor,
busco a luz quietinho.
E a vida retoma ao curso e à sua cor
no meu caminho.
E ela, que é traiçoeira feito a morte,
dá-me um sorriso, docemente.
Eu que não mais me abalo com seu porte,
lhe ofereço meu aguardente.
De tanto tê-la como companheira,
por conhecer o frio do seu semblante,
sinto-me o preferido
na geleira dos seus amantes.