À SOLIDÃO (queira sentar-se!)

Quando eu me sinto assim, ausente,

perdido numa vaga sensação que o mundo foi embora,

é a hora, eu sei, aquieta-se o espaço!

Senta defronte a mim a solidão,

girando o laço.

Por ela já não pressinto

o coração rompendo em lágrimas,

ante a devastação que ao breu conduz

meu peito, um chão sem cio.

Engulo a dor,

busco a luz quietinho.

E a vida retoma ao curso e à sua cor

no meu caminho.

E ela, que é traiçoeira feito a morte,

dá-me um sorriso, docemente.

Eu que não mais me abalo com seu porte,

lhe ofereço meu aguardente.

De tanto tê-la como companheira,

por conhecer o frio do seu semblante,

sinto-me o preferido

na geleira dos seus amantes.

Tony Guedes
Enviado por Tony Guedes em 05/07/2006
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