Como um veneno que destrói a dor...

O vento soprava sobre meus ombros fracos

Cansados de suportar o peso de toda essa dor

Tantas memórias refletidas em meus olhos opacos

Todas as tristes lembranças do meu doce amor.

É como acordar de um sonho lindo e improvável

Ouvindo uma batida tão forte, tudo tão irreal.

Como abrir os olhos e ver o mundo de outra forma

Sem toda a amargura humana cobrindo meus olhos.

Há algo irradiando das trevas de dentro de mim

Uma luz desconhecida, avassaladora, irreal.

Como uma morfina apagando a tristeza e a dor

Correndo pelas minhas veias como um raio de luz.

Dissolvendo sombras de um passado triste

E acendendo em meu olhar um brilho estranho.

É como um penetra rompendo as barreiras

Sem obstrução alguma, simplesmente me atravessando,

Enchendo meu peito, inundando minha alma.

Como algo que faz o temporal se afastar,

Deixando um raio tênue de sol atravessar as nuvens negras.

Algo abrindo a sepultura e desfazendo os muros

Que me impediam de ver.

Eu vejo as paredes desabando, uma a uma.

Eu vejo as dores evaporando como sombras ao suave toque da luz.

Eu sinto meu peito se abrindo, para algo novo, algo melhor,

Sinto as chamas que queimavam tanto se apagando

Com o toque suave do vento.

Eu vejo meus medos ganhando forças nas suas palavras,

Eu quero, quero como nunca abrir os olhos e realmente ver.

Ver algo além das minhas entranhas doloridas

Ver além do meu coração gelado,

Ver além dos meus olhos manchados e da minha alma podre.

Quero tocar a água com meus passos suaves,

Sentir de leve o frio inundar meu corpo,

Sentir a claridade purificar minha alma,

Sentir o veneno cicatrizar as feridas no meu peito,

Aproveitar como nunca o doce sabor de uma poção inebriante que se chama felicidade.

Marina Dalmass
Enviado por Marina Dalmass em 18/10/2009
Código do texto: T1873070