Como um veneno que destrói a dor...
O vento soprava sobre meus ombros fracos
Cansados de suportar o peso de toda essa dor
Tantas memórias refletidas em meus olhos opacos
Todas as tristes lembranças do meu doce amor.
É como acordar de um sonho lindo e improvável
Ouvindo uma batida tão forte, tudo tão irreal.
Como abrir os olhos e ver o mundo de outra forma
Sem toda a amargura humana cobrindo meus olhos.
Há algo irradiando das trevas de dentro de mim
Uma luz desconhecida, avassaladora, irreal.
Como uma morfina apagando a tristeza e a dor
Correndo pelas minhas veias como um raio de luz.
Dissolvendo sombras de um passado triste
E acendendo em meu olhar um brilho estranho.
É como um penetra rompendo as barreiras
Sem obstrução alguma, simplesmente me atravessando,
Enchendo meu peito, inundando minha alma.
Como algo que faz o temporal se afastar,
Deixando um raio tênue de sol atravessar as nuvens negras.
Algo abrindo a sepultura e desfazendo os muros
Que me impediam de ver.
Eu vejo as paredes desabando, uma a uma.
Eu vejo as dores evaporando como sombras ao suave toque da luz.
Eu sinto meu peito se abrindo, para algo novo, algo melhor,
Sinto as chamas que queimavam tanto se apagando
Com o toque suave do vento.
Eu vejo meus medos ganhando forças nas suas palavras,
Eu quero, quero como nunca abrir os olhos e realmente ver.
Ver algo além das minhas entranhas doloridas
Ver além do meu coração gelado,
Ver além dos meus olhos manchados e da minha alma podre.
Quero tocar a água com meus passos suaves,
Sentir de leve o frio inundar meu corpo,
Sentir a claridade purificar minha alma,
Sentir o veneno cicatrizar as feridas no meu peito,
Aproveitar como nunca o doce sabor de uma poção inebriante que se chama felicidade.