Das cinzas

A noite satisfaz o vazio que preenche o peito. Talvez seja mesmo tempo de partir, de seguir em frente. Falta apenas coragem – foi o comodismo que apaziguou meu peito e encontrou asilo silencioso?

Renitente, desconfio que sim. E a noite passa sem surpresa alguma – sem e-mails, mensagens ou frases perdidas. É da solidão se ver só numa rede de relações sociais. Talvez o mundo não seja pequeno – e eu mesmo possa me traduzir em alguém maior (e melhor) do que já fui, do que sou no instante agora.

A tristeza renuncia o amanhecer, descrê o novo e põe fim à esperança. O peito vazio ecoa lamento. Mas não mais, não deve mais bater em vão. Não deve implorar miséria, chorar por um ganha pão. Não mais se debruçar sem paixão.

A aurora se revela no horizonte. É tempo de se reinventar. Para renascer das cinzas, primeiro é preciso arder no fogo. Para então erguer-se mais uma vez - e voltar a sorrir, em paz.

Lucas Sidrim
Enviado por Lucas Sidrim em 16/10/2009
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