Objeto dos desejos
O desejo de possuir o objeto de satisfação de sua concupiscência... – é isto que nos iguala ao restante dos animais. Somos ferozmente irracionais! Sempre à busca de saciar nosso desejo intenso pela fêmea escolhida, a seduzi-la ao nosso leito. E como um cão fareja o órgão sexual da cadela farejamos o da mulher fonte de nosso desejo libidinoso...
Somos animais irracionais, como qualquer outro, quando nos tornamos objetos dos nossos desejos de possuir o que nos possuem; quando entregues a depravação do sexo sem controle, indisciplinar. E quando assim possuídos, feito do sexo a centralidade de nossa vida, não somos donos de nossas ações, somos, apesar de nossa consciência humana – isso que nos colocam superiores ao restante dos animais – a espécie medíocre dos seres vivos. Mas mesmo assim não sendo dono de nossas ações nos instantes de domínio pelos desejos sexuais, não deixamos de ser responsáveis por elas, de ser penalizados, pois apesar de nosso agir semelhante aos animais ainda assim preserva, no subconsciente, a razão, esta somente humana.
Somos sabidos de até onde as nossas ações são prejudiciais ou não a nossa existência. Apenas ignoramos essa nossa sapiência por comodismo, falta de iniciativa em recuar nosso ser quando a maré dos nossos desejos nos convida a um mergulho profundo em águas turvas, sem receio de nos perder... E nos perdemos por imbecilidade própria, por acreditar que nossa eternidade está nas coisas que nos trazem uma aparente felicidade, quando na verdade não passam de gozos efêmeros... A verdadeira felicidade está nas ações que preservam nossa existência individual, não como objetos do nosso egoísmo, mas como ser divinamente humano.
Como é imbecil um sujeito que só fala em sexo como se ele fosse o único homem na face da terra que fizesse sexo. Bobamente pensa o imbecil que o sexo é o que o torna homem e não os seus valores. Vive a gabar de suas noitadas, dos prazeres que certa mulher lhe ofereceu, sem ter a certeza de que o prazer desta sujeitada a sua concupiscência não fosse dissimulado. É de admirá-lo com certa repugnância. Algumas horas em companhia deste objeto dos desejos nos causam náuseas... Mas esta figura, aparentemente humana, nos serve de módulo a nós mesmos, aí encontramos o exemplo a não seguir.
(do meu livro, “Vinho, Amor e Mulher”