Nem mesmo ossos.
Deus me permita nadar, nesse mar de ridículo, até a ilha árida da realidade, onde eu não encontrarei consolo, mas ao menos um lugar definitivamente seco.
Ao menos não estarei com os olhos molhados; ao menos não estarei à espera de um barco onde alguém me dará a mão e me salvará.
Não, não! Não são gaivotas, são abutres. Lamento decepcioná-los, mas quando eu conseguir chegar, já será tarde. Nem mesmo ossos encontrarão para roer; toda a carne já se foi, dilacerada por esse oceano de lâminas afiadas e cacos de vidro.
Nada de bom encontrarei na ilha mas, com sorte, aprendo a me alimentar de magma incandescente dos seus dois vulcões. Quem sabe não viro pedra? Quem sabe não me saberei fóssil?
Alimentar-se de magma é um aprendizado lento, por isso, me desculpem os abutres, mas eu preciso nadar.