Minha revelação...

Minha revelação

E me cobram.

Uma visita; diferentes atitudes; cobram-me que eu mude;

Que eu prenda o arquétipo da mulher selvagem.

Querem que eu me emoldure;

Que me torne um espelho do que dizem ser "normal".

Querem-me nua;

Despida de minhas máscaras - as armaduras que me

Protegem.

Querem que eu me revele.

Mas não sabem o que sou.

E, ainda assim, anseiam por minha essência,

Imaginando que só verão tolerância, romantismo,

Compreensão e inocência.

Daí, rio... Pois busco incessantemente estas

Qualidades, que em alguns mais parecem alegorias.

Não.

No meu peito não habita só bondade, muito menos

Sabedoria; e por vezes me fogem as alegrias.

Também profiro - com freqüência, inclusive, alguns

Palavrões.

Tenho minhas crenças, minhas culpas, minhas

Certezas intangíveis, meus defeitos e minhas

Irracionais ações.

Sou um ser banhado em mistério...

E, por proteção, me visto com lantejoulas cintilantes

Como escamas, que me protegem de mãos maldosas,

Da perca da minha infância jamais abandonada;

Do lúdico em minha vida.

Protegem-me do adultério de deixar de ser o que

Gosto no que sou.

E me afastam do sofrimento que trazem certos

Fatos incontestáveis, certas ações.

A dor, nem sempre minha, suporto com um

Quê de inocência;

Às vezes revelo certa ignorância que nem eu

Sabia de mim.

E permaneço, permeando o devaneio, pois

Também tenho receio de saber quem EU sou.

Sei apenas que não sou normal, fujo ao

Comum, ao padrão.

Sou um par, imperfeito sim, filho Daquele

Que é único e perfeito: O Criador.

E sigo, com amor a uma crença de que,

Na insatisfação da morada do meu ser,

Hei de ser, um dia, alguém melhor,

Digno de se revelar.

nouvellelune
Enviado por nouvellelune em 12/10/2009
Reeditado em 21/09/2010
Código do texto: T1861330
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