Minha revelação...
Minha revelação
E me cobram.
Uma visita; diferentes atitudes; cobram-me que eu mude;
Que eu prenda o arquétipo da mulher selvagem.
Querem que eu me emoldure;
Que me torne um espelho do que dizem ser "normal".
Querem-me nua;
Despida de minhas máscaras - as armaduras que me
Protegem.
Querem que eu me revele.
Mas não sabem o que sou.
E, ainda assim, anseiam por minha essência,
Imaginando que só verão tolerância, romantismo,
Compreensão e inocência.
Daí, rio... Pois busco incessantemente estas
Qualidades, que em alguns mais parecem alegorias.
Não.
No meu peito não habita só bondade, muito menos
Sabedoria; e por vezes me fogem as alegrias.
Também profiro - com freqüência, inclusive, alguns
Palavrões.
Tenho minhas crenças, minhas culpas, minhas
Certezas intangíveis, meus defeitos e minhas
Irracionais ações.
Sou um ser banhado em mistério...
E, por proteção, me visto com lantejoulas cintilantes
Como escamas, que me protegem de mãos maldosas,
Da perca da minha infância jamais abandonada;
Do lúdico em minha vida.
Protegem-me do adultério de deixar de ser o que
Gosto no que sou.
E me afastam do sofrimento que trazem certos
Fatos incontestáveis, certas ações.
A dor, nem sempre minha, suporto com um
Quê de inocência;
Às vezes revelo certa ignorância que nem eu
Sabia de mim.
E permaneço, permeando o devaneio, pois
Também tenho receio de saber quem EU sou.
Sei apenas que não sou normal, fujo ao
Comum, ao padrão.
Sou um par, imperfeito sim, filho Daquele
Que é único e perfeito: O Criador.
E sigo, com amor a uma crença de que,
Na insatisfação da morada do meu ser,
Hei de ser, um dia, alguém melhor,
Digno de se revelar.