Papel Velho
Não sei se deveria continuar a escrever
mais alguma palavra nesse velho pedaço de papel.
Não vejo sentido nas letras que se juntam sem emoção,
nem consigo dar continuidade no que chamam de poesia,
já que o labor foi em vão e o que sobrou foi o azedo sabor,
destas palavras que nem o vento levou...
Perdi as forças do que chamava de versos,
podada pela raíz não há como compor nesse chão,
meus versos são apenas prosas com meus botões que secam ao sol.
Penso que nunca deveria ter dado início a este absurdo,
acho que além se cega eu estava surda e por teimosia
não dei ouvidos a voz da razão que poetizava ao meu coração .
Parece que só tenho grafadas tristezas,
sumo de minha essência lima que pensava ser doce.
Na verdade, nunca soube o que é de verdade escrever!
O que tenho agora é um nó na garganta, uma trava no peito
e um livro rasurado, com um pedaço de papel velho numa página guardado.