Escultores de nós mesmos

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“Para tirar de um bloco bruto uma efígie de beleza, deve o escultor, acima de tudo, ter a intuição daquilo que ainda não existe materialmente”

Huberto Rohden"

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Éramos apenas um bloco de mármore – inconsciente – quando antes que Deus nos creasse figuras humanas, porém depois de creaturas perfeitas, “o ponto alto da creação”, disse Deus: “Frutificai e multiplicai-vos!” E frutificamos e multiplicamos... Só que, nesse meio terno, esse pequeno ser imagem e semelhança de seu Creador desobedeceu ao Pai da Creação... O homem que era um ser perfeito em sua constituição, esculpido pelas mãos divinas, foi-se tornando rústico, regressando ao seu princípio de bloco de mármore... – só que agora imperfeito, pois o é consciente – E por si mesmo muda sua imagem e semelhança ao Creador... E o homem bom e belo transforma-se numa espécie de creatura má e feia...

O homem da Creação ainda existe, ainda àquele inconsciente das coisas do mundo, aquele que ainda não provou do fruto do conhecer o que é mal e bem. Àquele cuja sua potencialidade é crescer e multiplicar!... – antes em bondade e beleza, hoje, também em maldade e feiúra. – Assim é a prole humana em sua nascença, inconsciente da realidade!

A consciência do que é bom o do que é mal, do que traz vida e do que morte é efeito da transgressão do homem as palavras de seu Creador. O homem que antes só conhecia o caminho da vida depara então com o caminha da morte; e prefere o morrer que o viver, pois as coisas que lhes satisfazem são exatamente aquelas que provocam desobediência ao Pai, que aparentemente os tornam deuses, capazes contrariar a vontade daquele que nos preferem as boas coisas. Sim, podem ser que sejam realmente “pequenos deuses”, mas é ilusão querer abarcar a fonte de águas infinita com a mão onde apenas um bocado acolhe.

Dizia um poeta: “Deus creou o homem o menos possível para que o tornasse o mais possível”. Em outras palavras, Deus nos fez esculturas inacabadas... Deu-nos a permissão ao “Frutificai e multiplicai-vos” nos tornarmos mais belos!... Por isso mesmo é que somos escultores de nós mesmos! Temos as ferramentas para esculpirmo-nos homens e mulheres bons e belos! Já que deixamos a inconsciência e adquirimos a consciência por nossa transgressão vamos por ela guiarmo-nos para o que é bom numa busca insistente a tornarmo-nos belos! Nossa meta agora não deixa de ser a pleniconsciência humana!... E isto é possível se dedicarmo-nos ao nosso labor diário, nosso ofício de escultores de nós mesmos!...

Imaginemos o que realmente é um ser bom e belo... E com um martelo continuemos a desbastar o bloco de mármore já em forma de escultura humana, e busquemos a beleza, aquela mesma beleza que o Pai Creador intuiu do homem perfeito, mesmo que isso leve nossa vida inteirinha e que terminemos inacabado... Se ao menos ao finíssimo esmeril no acabamento ao homem belo atingirmos já valeu à pena tanto esforço do nosso labor, tanto suor a uma bela obra de arte! Divinamente humana!

Pomo-nos mãos a obra!...

Agnaldo Tavares o Poeta
Enviado por Agnaldo Tavares o Poeta em 30/09/2009
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