Amadureço, às vezes!

É interessante como as coisas acontecem. Como é necessário amadurecer para percebemos coisas tão óbvias. Explico. Mas não tão obviamente.

Caminhar na orla é bom. Caminhar com seu pai na orla é bom. Não caminhar na orla não é bom. Não é bom caminhar na orla sem seu pai. Bom é não caminhar, mas estar nos ombros de seu pai, na orla.

O caminhar vai ficando prazeroso à medida que aquele vento, forte demais para abrir totalmente os olhos, nos acomente IMPETUOSAMENTE.Você me entende? Mas entendeu mesmo? Mas por que estou falando isso? Eu avisei que não seria tão obviamente.

Explico, mas não claramente.

Coqueirais têm diversas identidades. Para mim, digo. Posso olhar um coqueiro jovem e vê-lo sonhador, desbravador, um tremendo visionário, mas...não há movimento, não há movimento, não há! Um coqueiro mais alto, então. Evidentemente acumula mais idade, maturidade. Um pensador-nato, um homem de teorias. Não. Um homem de verdades. Um homem de influência numa geração inteira. Mas...onde está seu movimento? Não sai do lugar! É quando olho para um coqueiro tortuoso. Todos ligam para sua deformação. Mas ele, o coqueiro, próprio não liga. É o que o diferencia e o torna mais notável dentre os outros. Um verdadeiro gerente de emoções. Um homem inenarrável. Aprendeu com a dificuldade. Mas que grandioso homem. Que prazer enorme contemplá-lo, né pai? Vê aquele coqueiro? Digo, Homem, aliás, coqueiro. Ah! O senhor não entenderia.

São coqueiros admiráveis. Seguro a cabeça do meu pai, forte, para não cair. Você me entende? Entendeu mesmo? É segurando a cabeça do meu pai que vejo todas essas personalidades onde não existem. Mas o vento não cessa. Por que não olhar o vento então? Aquele lençol fresco rapidamente se movendo no espaço. Que frescor, que delícia! Sacode os coqueirais, agita-os. É interessante como é o vento o único modo de os coqueirais se comunicarem. Erodem aqueles homens magníficos da praia levando consigo partículas das suas personalidades. Mas é segurando a cabeça do meu pai, para não cair, que aquele vento me atinge, tão impetuosamente que mal consigo abrir os olhos. Você me entende? Mas me entendeu mesmo?

O passeio é bacana...mas...já dura muito tempo. Pai, quero descer!!!

LealdadeEgocêntrica
Enviado por LealdadeEgocêntrica em 29/09/2009
Reeditado em 29/09/2009
Código do texto: T1837481
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