Dias que assolam: saudade e solidão...
Dias que assolam: saudade e solidão...
Às vezes, nem os livros me interessam, as minhas prateleiras interiores ficam como que vazias. Não há nada que não pó e também não há pressa, por nem saber aonde chegar;
Nesses dias até o respirar é fadigado, um corpo moído de cansaço, uma alma que se acha sem rumo, um coração quase vazio, esvaziado de ilusões, desafogado de sonhos;
Algumas vontades permanecem intactas, outras partiram (em ambos os sentidos), há uma parte da vida em visível craquelê tão fissurada ante as inevitáveis dores de se saber vivo.
Por vezes nem o tempo quer passar. Prende-se astuto no desejo de ficar, resiste, quer eternizar o bom e fazer latejar o que dói invisível;
Sinto que nalguns dias as horas pesam toneladas, e se arrastam no que rastejam fazem ao chão rachaduras...
Nestes acasos dos dias, dores já não lamuriam, vociferam, ouvem-se uivos golpeando a aura da lua;
Tem momentos que a crueza do espelho ressalta o inevitável dele se dispor. As carquilhas intimidam os desejos,mas maiores, são as dobras submersas da alma.
Tem época em que a melhor audição é a música que vem do silêncio, não falar sequer a si mesmo, calar se pudesse o pensar. Silêncio compatível somente à clausura;
Tem tempo que a saudade é um abalo intermitente,que fragiliza,danifica, troca peças de lugar, lentamente lustres soltam-se dos tetos, quebram, ferem, fazem abandono;
Tem saudade que inexistiria se urgisse, requeresse um verbo a exprimir.
Tem tempo que ando assim vagando, displicente ausentar de mim...
Num inexplicável buscar,
Quem sabe um inexato querer encontrar;
Compensar a nefasta solidão...