Sobre oração e capacidade humana- texto opinativo
Muitas pessoas ao orarem pedem a Deus que resolva determinado proble-
ma. Bem, no ponto de vista religioso isso realmente é uma atitude de de-
voção e, portanto, correta. Afinal Deus é o que melhor resolve as causas.
Mas se pararmos para pensar melhor, quem geralmente toma as escolhas
na nossa vida individual somos nós mesmos; isto é, nós é quem escolhe-
mos nossa roupa, nós é quem estudamos pra uma prova, nós é quem vi-
vemos ao nosso modo, mesmo seguindo uma determinada religião, enfim
quem faz nossa vida somos nós mesmos. Mas se é assim, por que ainda buscamos a Deus? Ateus dirão que isso parte da necessidade de fugir do
mundo real para uma outra dimensão que atenda às nossas mais alta ex-
pectativas. De certa maneira é verdade, mas o que eu quero frisar não é
um debate filosófico sobre orar ou quaisquer formas de adoração, mas di-
zer como eu vejo a oração e o que realmente é o plano de Deus pra nos-
sas vidas.
Em primeiro lugar nós temos tres tipos de oração: a oração adorativa -aquela que serve para expressar nosso amor à divindade de nossa devo-
ção; a oração suplicativa - a mais comum, pois a maioria ora pra pedir al-
go; e a oração confessional - aquela pela qual confessamos nossas falhas
ou anseios. Bem, seja qual for aquela que empregamos devemos saber que quando buscamos a Deus, quase sempre acabamos encontrando a nós mesmos, pois sempre aparece uma solução acessível a nossas mã-
os. No entanto as pessoas sempre acham que é Deus quem soluciona os nossos problemas e esquecem de se lembrar que Ele nos deu a ca-
pacidade de nós mesmos traçar-mos nossos caminhos e que as soluçõ-
es são, na verdade, trechos de nosso caminho que não estavam muito
claros que ele ilumina e nós vemos, mas ele não apareceu de repente,
sem que nós d'alguma forma não tenhamos contribuído para que ele es-
tivesse lá. Por exemplo: uma pessoa desempregada passa meses indo atrás de um emprego, indo em agencias, entregando currículo, fazendo
bicos... depois de muito tempo nada do sonhado trabalho. Entristecido ele passa a buscar a Deus incessantemente. Daí ele vai num culto e re-
cebe a resposta: "olha, Deus vai te dar o que estavas pedindo". Na ou-
tra semana ele recebe um telefonema dizendo que uma empresa o es-
tá chamando e que achou seu currículo jogado e se agradou do perfil
profissional dele e etc. Bem, Deus cumpriu o que disse, mas será que se este trabalhador não tivesse se dado ao trabalho de pelo menos ir
atrás, de por currículo, Deus iria fazer isso tudo pra ele? Com isso que
ro dizer que apesar de Deus nos ajudar somos nós quem traçamos nos-so caminho, pois se tudo fosse Deus na nossa vida, não pecaríamos. O que não acontece. Muitas vezes as pessoas ouvem profecias dizendo que o Senhor vai fazer isso e aquilo, porém elas tem que por em mente que aquilo são objetivos que nós temos que alcançar e que se nós não
quisermos, eles nunca serão alcançados. Deus nos deu o direito de es-
colha, nós é quem temos que ser os caminhantes. É por isso que antes de uma bênção sempre vem uma prova, não pra Deus, mas pra nós. A prova na verdade é o caminho que nós traçamos sendo traçado: quem
vai termina-lo até o fim somos nós e não Deus. Então pra que orar? Pra clarear aquele trecho que não está claro. O resto é com nós mesmos.