A INSIGNIFICANCIA DO SER
A INSIGNIFICÂNCIA DE SER
Hoje amanheci sozinho e de tudo esquecido
Para que lembrar a vida e da vida recordar?
Tudo me leva a esquecer, ficar comigo
Volto no tempo, relembro e, quantas vezes fico a chorar
Não um choro convulsivo, mas sim compassivo e então eu
Fico orgulhoso do que construí ao longo dessa estrada chamada vida.
Por ter dado vida muitas vezes a quem não mereceu
E hoje triste, envelhecido pelo tempo, sinto-me como casa caída
Ficou apena a terra, o pó, o lugar da construção
Não tenho mais uso, para nada sirvo, apenas olho para o chão
Procuro analisar, entender porque perdemos o valor
A passagem do tempo apenas serve para aumentar a dor
Dor de não ter mais o respeito por quem deveria dar
Não agradecimento, mas apenas a consideração
Não apenas a consideração, mas sim apenas um olhar
Não um simples olhar, mas que viesse com emoção
Emoção pelo tudo feito, construído mesmo por um só
Que mesmo vivendo a dois e, na impossibilidade de um, continuou
Nada valho, nada sou, apenas trabalho, dou vida e tenho dó
Dó de quem não tem esperanças, sonhos e parou
Parou no tempo, no espaço, enfim se entregou
E eu vivi, fiz acontecer, dei vida a quem apenas usou
Usou do tempo, do espaço e nada viveu ou deixou viver
E hoje compreendo o que significo, a minha insignificância de ser.
BCFerr