Retrato Falado
E a fúria se cala... O coração fala.
A escuridão te chama... O amor, só ama.
E o defeito aparece... O que é bom permanece.
O corpo pede... O desejo tem sede.
O sacrifício feito tem sede em meu peito.
E a riqueza reluz em meu pobre espírito...
A estrela no Céu... Eterno conflito interno.
O beijo sela... Cessam-se as palavras.
E o que é encanto, somente encanta.
O que é divino cobre todo o resto.
E no meio da festa apagam-se as velas...
Começa outro minuto... O tempo urge.
E recomeça a melancolia... Quem pode, foge.
Você me dá a manhã, te envio o amanhã.
Deu-me o ontem também... Mas me desvio no presente.
Eu tento, mas não agüento.
Até que invento... Puro teatro sem talento!
E te acalento... Nem eu mesma me entendo!
E o que era antigo, moderno.
E o que era morte, boa sorte.
E o que era acaso, hoje custa caro.
E o que era arruinado, forte.
E o que é instinto, material raro.
E o que foi tudo? Para ser guardado.
E o que é música... Universo inabalado.
E o que é Fé... Verdade ao quadrado.