ESTRADA QUE DÓI

N'alguma dessas madrugadas quase 'perdidas',

deparo-me com uma viagem surpreendente:

desafiou-me um alguém de respeito,

indagando-me coisas um tanto...

profundas demais, à uma rotina

tão superficial, fútil, de assuntos

inúteis e bajulações.

Já me farto disto,

destas coisas sem sentido.

Aprecio muito um 'divã' como este,

nos lava por inteiro, nos devolve

o que perdemos com o negrume

do dia-a-dia opaco.

Meu caro, tais indagações

nos são prestadias à todo momento.

Ajudam-nos a entender o porque

de tanta crueldade, soberba

e ganância...

Nos fazem retrucar a todo 'não' sem sentido

nos transportam à um universo

quase invisível, porém

essencial à nossa vivência.

Me encanto, pois

no toque da corda,

no som do violão,

nota-se o imperceptível,

este, que nos é refúgio

em certas horas.

Embriagamo-nos em sons

que apenas são audíveis

aos ouvidos loucos e apaixonados.