Sobre um certo coração....
Sobre um certo coração....
Bate no peito um coração de poeta. Que além de louco é sonhador.
Visualiza cores, estridentes cores onde há neutralidade. Delira por uma aroma que nem no ar está. Confere sabor ao irreal. Idealiza. Fertiliza solos áridos. Irriga imensos vazios. Habita o improvável. Habilita-se sempre ao amor.
Por isso chora quando é para rir. Desarma-se ante um olhar. Gosta sem querer saber. Sente o que não é recomendável.
Ama, ama, ainda que isso doa. Quer, mesmo que seja um solitário querer. Segue por mares revoltos só para se saber vivo. Faz eco com a própria solidão.
É assim.
Vai, deixa-se ir. Chega onde não haverá de chegar. É abstrato, que seja. É abalado, que seja. Permite-se o arriscar.
Avesso a vacinas. Liberto do proteger.
Atirado. Transgressor.
Pede a ser abalado. Quer transpor, cruzar. Raro guardar lição.
É feliz?
Pode ser...
É de todo fascinante..
Corrompe suas próprias regras. Ignora o domínio.
Ama? Mais que é amado...
Livre?
É sem fronteira, terra avulsa, sem bandeira.
Vence?
Luta.... Quase sempre um regresso abatido, mas nunca de todo desistido.
Refaz-se,
Ao tempo...
Tempo de tentar ser apenas um simples coração....
Parte DOIS
O que vai ao coração de um poeta?
Mora um perfeito sonhador. Habita um rol de enormes sensibilidades.
Não é que bata mais, é que pulsa ao som dos delírios. Bate no ritmo do olhar.
E o Poeta, este sim olha o mundo com outros olhos. Vê além do usual, as cores além dos nuances. Sente afligir incomum com as dores. Apunhalam-lhe mais o decepcionar, o desafeto, o desamor.
Como um comum sofre, alegra-se, preocupa-se ama ,entristece e se precisar (quase sempre precisa) ainda paga contas. Difere apenas na intensidade, nos conceitos e valores, no mensurar, no codificar pessoal dos acontecimentos, do mundo e da sua própria vida o que por vezes surpreende.
É complexo, inusitado.
Há quem diga que ama demais, por isso sofre mais. Há quem o descreva como flutuante, Mas é o pensar que o faz assim.Pensar poeticamente a cada instante confere mesmo esse ar de viajante,desatento....mas lhe restam sim opiniões, crenças, saber do concreto, do real.
O poeta é humano e padece das dores físicas e emocionais.
A cabeça do poeta, sua boca, suas mãos são máquinas que dão plena vazão, repercutem o que quer o coração dizer. E formalizam quer em verbo falado ou escrito. Põe à tona a fala do sentimento.
O poeta exprime o sentir qual rotina. Diz expressa o que muitos querem expressar. Acha, encontra a forma e as exatas palavras.
O poeta enquanto olha não só vê, mas sente...
Mais sente do que vê.