CEM OU SEM?! Uma reflexão
Entre o deslumbre e o desbunde navega o nosso ego poético. No dia em que mainha faria 80 aninhos (10-09-2009) cheguei aos meus C(S)em vídeos-poemas, com a belíssima edição do “PROCESSO DE AMOR” (Poema em dueto com Lourdes Ramos) da editora e poetisa LULINDA.
Na verdade não sou ‘dono’ de nenhum dos cem vídeos, porque eles não foram feitos, elaborados, burilados, pedidos ou pensados, lapidados na minha lavra. Entrei ‘apenas’ com a matéria-prima do texto, em solo ou dueto de parceria, algumas vezes com os próprios editores mesmos.
A obra acabada, vídeo pronto e ofertado no You Tube, justiça seja feita é de outro artista. O meu mérito foi ter emprestado o texto que compôs o trabalho final do(a) editor(a).
Cada um desses meus textos, portanto, tem um sabor especial para mim. Qual a razão?! Foi que a semente partiu daqui do intelecto ou do coração como queiram. Outras vezes originaram-se da parceria, por vezes na solidão dos meus dias, mas todos eles loucos e ébrios de alegria de inspiração sadia.
E é gostoso ver um texto seu ganhar forma e contornos pelo olhar de outro poeta. Isso se dá pela escolha da música, das imagens, da união dos fragmentos, num todo composto que o editor na sua sublime inspiração coloca na tela.
Assim como um quebra cabeça de um mosaico, tipo caleidoscópio. E é por isso que também quando um texto meu recebe esse tipo de roupagem, ele não mais me pertence. É como um filho que se colocou no mundo e que tem sua personalidade própria, não sendo de nossa propriedade o que produza, embora possua nossos traços característicos pelos genes herdados, ou pela educação empreendida.
Quando minha filha Elisa se formou em Ciências Sociais e Antropologia pela Universidade de Brasília, em finais de agosto de 2009, minha ex-esposa chorou ao meu lado e eu sorri muito. Sim o meu sorriso, foi por saber que ela, a ELISA, ali chegou por seus méritos próprios e apenas teve a sorte de contar com a nossa ajuda, mas o diploma e os louros pela vitória é inteiramente DELA!
A poesia, o poema, a reflexão, a palavra, o gesto, ganha nova dimensão. É LIVRE! Aí também reside a razão de que os parabéns devam ser aplicados mais ou na sua quase totalidade, a outro intérprete: Ao EDITOR! Porque aqui também difere da edição de um livro. Aqui nos vídeos, o autor está mais exposto. Dá para ver até as suas vísceras. É a exposição difícil do pensamento do outro com a sua visão poética.
Se alguém por aí andou censurando algum desses vídeos, não foi a mim que causou incômodo essa grosseria, mas ao autor do vídeo, à liberdade de expressão dele muito mais contida no seu trabalho de depuração, de designer, de criação por ser ele o ‘verdadeiro autor’ daquela obra transformada em vídeo.
Para finalizar esta reflexão devo dizer que meus textos nascem livres e soberanos e morrem livres e libertos de quaisquer neuras, egos, vaidades porque são feitos ao sabor do vento tendo só o amor como inspiração. Os textos onde há dor quase que sempre não são do meu agrado.
Muito obrigado aos parceiros (duetos) e aos editores de meus textos. A poesia, as artes agradecem a vocês pela generosidade da criação. Parabéns também às minhas musas inspiradoras, às parceiras ou parteiras gestoras do sublime AMOR.
Hildebrando Menezes