Estranhos aceitáveis;
E quando eu te convidar finalmente para viver em mim, traga apenas o essencial para eu morar em você, não me conte seus defeitos suportáveis, nem ao menos exalte suas qualidades agradáveis, deixe que eu percorra sua vida com a minha, e que tudo seja único o suficiente para fixar a mim a imagem de segurança, o verdadeiro porto seguro.
Que o céu sobre nós não seja fundamental, mas que a luz de nossos corações seja realmente o que não nos fará fraquejar. E mesmo que falhemos quantas vezes nós não nos levantamos e continuamos em nossas jornadas, por diversas vezes não nos surpreendemos com a capacidade de amar, transformar e tantas vezes até mesmo de idealizar sonhos futuros.
Que o fim, se realmente haver um, não seja temível, porém que seja temível realmente perdermo-nos de nós mesmos, tornarmos estranhos aceitáveis e resignarmos com ideais ou sonhos que nunca foram nossos, e que jamais supririam qualquer necessidade de nossas almas, necessidades que jamais sustentariam nossos corpos, que certamente nunca abasteceriam nossos corações.
Por isso peço, quando você vier viver em mim, traga apenas o essencial para eu também morar em você, e então tudo o que vivermos será nosso, sem defeitos ou qualidades, sem qualquer esperança vã ou utilidades para as centenas de superficialidades da vida, haverá então...
Apenas a absoluta certeza de habitarmos um no outro.