E é na mente do Homem, de enorme vitalidade, que surge o crítico, mesmo sem muita erudição, de pouca intelectualidade, porém, com tamanha fomentação e objetividade, que passa a ser o mais puro voluntário do absurdo, destinado a uma interpretação, que alguns, poucos e revestidos de uma gelidez tamanha, poderiam classificar como...Vazia!!!
Ler, para que ler, então, se nem nós todos somos verdadeiros interpretadores da razão?
Balela!
Se pensarmos que esses tais são os seres enobrecedores de qualquer texto, que dignificam e justificam os rascunhos do mais boçal dos escritores, ou do mais puro deles, embora não os demonstre na carne, seremos o que então, ao ler e viver o que lemos?
Como podemos definir o restante da humanidade, mesmo que por segundos, ou menos, por eras?
Analisar um texto tecnicamente não é tão diferente de operar um corpo, extraindo dele moléstias.
Dessecar cenários e fragmentar personagens a fim de dizer como são, e qual a natureza de sua existência é tarefa da mais árdua, e de poucos; louvável e digna também, em se tratando de uma situação lógica de perpetuação textual.
Mas, negar o existencialismo nobre e natural daquele que chora ou que ri, e que mal sabe distinguir a Bela da Fera, é no mínimo um “Ato Vândalo” contra a integridade humana, pois mesmo desprovidos do senso maior e sutil da análise, é assim de que “Caminha a Humanidade”, desvelando fronteiras afins.
Que mal há no verso transloucado, na rima pura e barata, se puros nascemos e baratos somos nós e nossos espíritos até o inesperado dia de partir? 
É o nosso legado. Naturalmente curiosos e capazes de enfrentar tempestades, traições, mortes e tudo o que um texto nos oferece somente para desbravar a mente calcinante do mais fútil dos escritores.
E quando não somos lógicos ou analíticos, ou menos que o mais célebre dos estudiosos; somos um povo simples que ama e que se adapta a tudo o que Lê, a tudo o que pode naquele instante sentir; e vira peça crucial de todo o desenrolar do mistério.   
Navegam, planam, e caem em desgraça, ou em abismos, só para salvar, ou mesmo, matar, ou amar, se sobrar alguém que olhe aquele rosto sofrido, de verdade e não fictício; feio, horrendo e estilhaçado pelas dores do mundo, e o transforme em Príncipe ou Princesa, só mais uma vez.
Ah, se Henri-Louis Bergson estivesse vivo agora, certamente Eu o indagaria sobre a bela frase:
 
"...Se consciência significa memória e antecipação, é porque consciência é sinônimo de escolha..."
 
E se escolhemos, também projetamos ali as nossas vivências, e nos identificamos com as coisas do mundo de lá; dos livros.
O leitor dita as regras, vivendo intensamente cada personagem, extraído deles um pouco do que quer para si, do que será o seu Eu futuramente. Talvez como tenha sido para o escritor, outrora, em seu passado, às vezes arredio e imundo; certas vezes doentio e profano.  
Não são assim as “Crianças que Nunca Querem Crescer”, ou alguém que procura a “Alma do Mundo”, ou mesmo aquele que tem dentro de si o amor acalorado de um ser imaginário, sem defeitos, que não questionam as reivindicações do tempo do leitor?
E cada página vira um mundo à parte, sendo lido e relido por toda a pequenez de uma eternidade na vida de alguém.
Temo que Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nunca tenha falhado. Linguajar cético e análogo sobre o desígnio humano:
 
“...Ah! Dentro de toda a alma existe a prova de que a dor como um dardo se renova quando o prazer barbaramente a ataca...”
 
E para que analisar se sabemos o quanto sofremos por sermos assim? E se alguns não concordam não é porque o saudoso escritor estava errado e sim por consequência de uma tendência analítica preservada em cada Ser. E por isso, não podemos duvidar da grandeza do mais pobre dos mortais, ao revelar em poucas palavras, a mágica do que existe de mais sólido nas entrelinhas do mundo literário.
Portanto, que viva intensamente qualquer um que se digne a Ler e a interpretar à sua maneira ou pelo amor da sua alma, o que entende. E para os nobres, deixe então a crítica, mais nobre do que o mundo, que faz emergir “sei lá como”, alguns, deixando outros na lama do passado.
Não foi assim com o lusitano Forjaz de Sampaio? Esquecido e ignorado hoje em dia, Forjaz de Sampaio, foi autor de um dos livros mais vendidos do século XX, intitulado “Palavras Cínicas” de 1905, que até a sua morte se encontrava na 46ª edição.
Dele disse o saudoso José Sobral de Almada Negreiros no seu “Manifesto Anti-Dantas”:
 
“...E o raquítico Forjaz de Sampaio, crítico da Luta a que o Fialho com imensa piada intrujou de que tinha talento...”

(...) Albino Maria Pereira Forjaz de Sampaio (1884-1949) começou a sua carreira literária como jornalista no jornal “A Lucta” sob o patronato de Fialho de Almeida e Brito Camacho. O seu percurso teve duas fases distintas, um pouco como a sua escrita. Se de início a sua escrita aprendeu muito do jornalismo, o falar da rua, do submundo lisboeta, a resposta rápida, numa segunda fase da sua carreira procurou legitimar essas suas características como formas arcaicas, coloquialismos de origem erudita que foi encontrar nas suas investigações sobre o antigo teatro popular (...) (PÁGINA DE LITERATURA DO LUSITANO HUGO XAVIER). 
 


O Guardião
Enviado por O Guardião em 10/09/2009
Reeditado em 31/10/2009
Código do texto: T1802732