Cheiro de montanha
Queria poder respirar esse ar puro novamente. Essa vontade louca de fazer e ser ao mesmo tempo , essa expectativa criada por nada, essas certezas tão inexatas, e ao mesmo tempo tão aconchegantes. E se tantas vezes me pego na lembrança que culpa tenho de não conseguir lembrar-me do nunca teria sido , que culpa tenho de lembrar do futuro , e nunca viver o presente. Que culpa tenho eu se o passado anda batendo na minha porta, esmurrando pedindo pra ficar na memória. E o que eu poderia explicar, para poder dizer-lhes que há um certo e errado , o que eu poderia dizer-lhes? Queria todos os dias um sorriso de presente, uma vontade de abraço. O que nunca vai apagar, e o que sempre vai ficar, essa eterna saudade , essa eterna vontade de retornar. O acaso. O silêncio. As certezas e incertezas. O que é novo agora já não é mais , o que era diferente , agora me parece tão normal. E o que é a normalidade? Alguém poderia explicar-me? Quero cheiro de terra molhada, cheiro do silêncio , da neve , do café feito na hora , quero sentir novamente a respiração ofegante , as inequações , o verde de montanha, o branco da neve , o abraço apertado , o silêncio, queria ter novamente os olhares. Queria o que não queria , e serei sempre o que não era , foi o que não foi , sempre o que está , e nunca será. Quero a brisa , o friozinho nas entranhas, aquele meio sorriso de satisfação. Quero as mãos , em sua mais perfeita plenitude. Quero a água , quero o ar , será que me roubaram? E por onde vai todo esse pensamento.... Pela fonte mais pura: os Sonhos.