Coisinhas quase inúteis
É engraçado como algumas coisas acontecem em nossas vidas. Melhor relevar o fato que algumas delas não acontecem por si só - não bebem a misteriosa e fantástica água da vida ou destino, por assim melhor expressar. Simplesmente surgem de um sopro das nossas complexas vontades e sonhos. Às vezes, me pergunto se forço certos fatos acontecerem. E o que mais temo é a resposta que tenho para minha inquietude.
Facilmente encontraremos pessoas com os mesmos desejos que nossos, com sonhos parecidos e aparente determinação, mas poucas delas ou nenhuma delas será fascinante o suficiente. Este fascínio do qual me refiro não é o mesmo que se encontra nos olhos de quem vê, mas no interior de quem está sendo visto, muitas delas não querem ser fascinantes.
Gostaria de poder entender muitas coisas, mas no momento, apenas uma seria o bastante. _ Ora, quanto egoísmo! – Quem na face da terra, desde os poucos que se amam nas alturas congelantes até aos que suplicam por uma gota de água e um grama de farelos de pão não gostaria de entender também?
Corremos contra o tempo para conquistar o saber, ou melhor, aguçá-lo.
Para quê?
Cada manhã, toda a vez que o sol cujos raios entram pelas frestas das nossas janelas e nos ilumina a face quase a nos cegar é a bofetada dada na cara dessa raça tão pequena, tão decadente que acha que sabe de muita coisa e em algum momento de todos os dias, descobre que não sabe nada, absolutamente nada.
Crescemos aprendendo milhares de coisas, a falar, andar, escrever, ler, valores, aprendemos a pensar e até a amar. Creio que estes dois últimos verbos são os mais perigosos. Não pelo fato de pensar ou amar, mas por aprendermos a fazê-los.
É nítido vermos filmes, novelas e músicas inspirarem milhares de pessoas ao amor. É com a ajuda do homem e sua arte que crescemos querendo ser amados e amar (mais ser amados). Porém, há coisas que não podemos explicar, por exemplo: uma garota crescer ouvindo de seus pais, amigos e da sociedade que ela precisa encontrar um príncipe e na verdade ela sempre quis encontrar outra princesa.
Nesse caso, não aprendemos a quem amar, o que gostar, simplesmente sabemos que necessitamos. Mas não podemos deixar de lado outra faceta desse aprendizado: todos nós crescemos aprendendo a quem amar, o que gostar, mas poucos se libertarão desse martírio e muitos continuaram, por muito tempo, padecendo em tentar se moldar ou moldar pessoas e coisas.
Se eu fantasio muito, eu realmente gostaria de saber, mas quem poderia responder? Alguém que faz diferente de mim? E quem me garante que seja eu mesmo o equivocado? – Coisas que não se responde.
Agora nesse instante, outra duvida martela meus pensamentos, o que é errado ou certo? Creio que ninguém, eu disse ninguém pode responder. Afinal todos nós aprendemos valores e todos nós já ou corrompemos alguns deles em algum momento.
Talvez fosse mais sensato ensinarmos que cada um de nós pode fazer o que quiser, desde que não influencie ou cause alguma espécie de dano na vida de outra pessoa. Bem, temos aqui um paradoxo.
Talvez o mal do homem seja querer saber de mais. De ser tão influenciável ao ponto de ser o rei influenciador.