Sobre a dor, o tempo e a vida.
Certas dores não têm cura nem consolo.
O único remédio é o tempo, que não exatamente as atenua, apenas cria um calo protetor.
E tudo o que podemos fazer pela pessoa que sofre estas tais dores, é ficar ali ao lado, prontos pra estender a mão ou ofertar um ombro, com carinho e empatia. Depois, aos pouquinhos, com muito jeito, podemos tentar mudar o foco dos pensamentos do dolorido, através de assuntos amenos e suaves, enquanto inventamos ocupações sadias pra compartilhar, pois é sabido que a ociosidade alimenta a dor.
Além disso, é igualmente sabido que um sofrimento desses arranca ou macula grandes nacos da alma, deixa sequelas. Pra isso, há os profissionais competentes. E cada pessoa acaba por descobrir seus próprios lenimentos. Mas, enquanto isso não acontece, só nos resta ter paciência e compreensão.
Claro, cada pessoa tem o seu modo de lidar com isso.
Eu, por exemplo, preciso deixar a dor fluir até que se esgote por si mesma, até que meus pés batam no fundo do poço, pra que possam dar o devido impulso que me fará retornar à luz da "normalidade". No entanto, felizmente, nunca passei pessoalmente por uma tragédia assim tão imensa que, só de imaginar, parece que não terá jeito, nem cura, nem consolo possível. E espero que nunca a venha a passar, pois se apenas pelo fato de ter tangenciado uma, já foi o suficiente pra experimentar um sofrimento intenso, nem quero imaginar como seria.
Sinto imensamente por quem passa por isso, seja próximo a mim ou não.
Nenhum ser merece uma coisa dessas!
Mas, agora, é tocar o barco pra frente. Afinal, navegar é preciso. E viver também.