Sobre a dor, o tempo e a vida.

Certas dores não têm cura nem consolo.

O único remédio é o tempo, que não exatamente as atenua, apenas cria um calo protetor.

E tudo o que podemos fazer pela pessoa que sofre estas tais dores, é ficar ali ao lado, prontos pra estender a mão ou ofertar um ombro, com carinho e empatia. Depois, aos pouquinhos, com muito jeito, podemos tentar mudar o foco dos pensamentos do dolorido, através de assuntos amenos e suaves, enquanto inventamos ocupações sadias pra compartilhar, pois é sabido que a ociosidade alimenta a dor.

Além disso, é igualmente sabido que um sofrimento desses arranca ou macula grandes nacos da alma, deixa sequelas. Pra isso, há os profissionais competentes. E cada pessoa acaba por descobrir seus próprios lenimentos. Mas, enquanto isso não acontece, só nos resta ter paciência e compreensão.

Claro, cada pessoa tem o seu modo de lidar com isso.

Eu, por exemplo, preciso deixar a dor fluir até que se esgote por si mesma, até que meus pés batam no fundo do poço, pra que possam dar o devido impulso que me fará retornar à luz da "normalidade". No entanto, felizmente, nunca passei pessoalmente por uma tragédia assim tão imensa que, só de imaginar, parece que não terá jeito, nem cura, nem consolo possível. E espero que nunca a venha a passar, pois se apenas pelo fato de ter tangenciado uma, já foi o suficiente pra experimentar um sofrimento intenso, nem quero imaginar como seria.

Sinto imensamente por quem passa por isso, seja próximo a mim ou não.

Nenhum ser merece uma coisa dessas!

Mas, agora, é tocar o barco pra frente. Afinal, navegar é preciso. E viver também.

Maria Iaci
Enviado por Maria Iaci em 04/09/2009
Reeditado em 04/09/2009
Código do texto: T1791808
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