O que vai ficar de mim
Nos dias mais frios penso no que vai ficar de mim. Qual a palavra, qual o retrato, qual a forma que retirarão de mim para emoldurar? Qual o pedaço que fica e qual parte? Há alguns pedaços partidos, mas tudo bem ninguém viu. Queria mesmo ouvir dizer, mesmo que de longe, depois que o apito do trem soar, que alguém viu para onde parti. Em alguns momentos, queria ser mar. O mar eterno e azul, profundo tal qual minh'alma. Por que o mar mesmo quando atiram detritos sobre ele, é sempre mar, se renovando inteiro.
Quero ser onda que vai e retorna, quero o mar inteiro, transbordando em mim.
Tudo bem. Vou decidir um dia o que vai ficar de mim. Se paredes azuis e floridas ou janelas abertas.