Vivo com quem sou
Acabaram-se poesias
fecharam as cercas,
nos quintais.
Venderam o lírio,
ao acaso.
Pensaram que era assim
que sonhos não são ruins.
Que podem se olvidar,
que há partes de um contexto
sem texto para narrar.
Então o sol não brilhou
porque a nuvem fechava
a nuvem dos temporais,
que vem do seu apartamento.
Que surge pelo conforto,
que serve para mostrar,
que tenho um lindo carro
e ando por cima do povo.
E passo por baixo do esgoto
e vejo que não é assim
que mesmo onde há carrapatos
pode surgir um belo jardim.
Que fosse uma visão
seria de enlouquecer.
Que a mente esteve parada
esperando o que não sabia
para do nada se esquecer,
E não ver.
Que fosse um dia a dia
marcado pelo fracasso
e disso fosse resultado
sua ira contra o marasmo.
De estar nesta sombra
sentindo medo do frio,
fugindo até do anil
que esconde
Seu brilho eterno.
Homem de terno,
gravata e borboleta
não deixa que os botões
sufoquem pensamentos,
e tornem seu lindo terno
Seu único consolo.