O último dia
Meu ultimo dia, triste fim este meu... A cada respiração eu sinto como se uma estaca afinadíssima perfurasse o meu peito... Acompanhado a respiração não vem o alívio de estar respirando, e sim uma dor insuportável que já me faz desejar o fim da minha medíocre vida... A beira da morte eu peço perdão pelos meus erros, mas não há ninguém para me ouvir, estou pagando meus pecados com a total solidão, solidão a qual eu pude evitar, mas preferir me isolar de todos... Sinto minhas forças indo embora, já não posso mais lutar contra a morte... Não posso lutar contra algo inevitável... Durante toda a vida, o ser humano faz o máximo para desviar da morte, faz o máximo para evitá-la, o que é impossível, nós podemos até retardá-la um pouco, mas ela sempre virá e a cada vez que nós a evitamos, ela fica mais forte e mais furiosa, fica com sede de sangue, fica desejando ouvir a pessoa desejar que ela acabe com tudo logo, que a leve de vez... Estou agonizando, e não há ninguém para me ajudar, para me amparar... Triste fim este meu, velho, abandonado, e sentindo uma dor insuportável... Eu grito aos quatros ventos, implorando para que a morte termine o que ela começou, mas, ela gosta de me ver sofrer, gosta que até o meu último segundo eu a deseje. Eu grito, mas, ao há ninguém para me ouvir, eu grito em vão, eu grito e gasto as pouquíssimas forças que ainda me restam, pouquíssimas forças que me fazem escrever isto... Como eu queria ter alguém para abraçar, para me ouvir dar o último suspiro... É, a vida passou, e hoje, já não tenho as forças necessárias para retardar a morte... Minha hora chegou, e estou feliz com isso, pois, viver sem ninguém para falar, para abraçar, para desabafar é horrível... Já posso ver a minha morte, já posso senti-la afiando sua lâmina para dar o golpe final... É triste saber que essas são minhas últimas palavras... Eu não valorizei a vida e hoje recebi um presente, o pior presente que poderia receber, uma morte dolorosa, triste e solitária.