"Jacaré”
(Luiz Henrique)


Se livrem dos jacarés, enquanto é tempo.

São aquelas pessoas que torcem para que tudo dê errado. E, se lhes for dado oportunidade, dão uma mãozinha para provar sua assertiva.

Você os encontra em todos, absolutamente todos os lugares. Eles estão por aí, provavelmente tem um monte deles perto de você. É só observar. Na família, no condomínio, na escola e especialmente no ambiente de trabalho. Ali eles habitam preferencialmente, aos montes. Longe de entrarem em extinção. Proliferam como coelhos.

E sua capacidade de sobrevivência é grande, não se iludam. Até porque não mudam nada. São impermeáveis às mudanças. Num mundo em constante evolução social, tecnológica e política, eles permanecem estáticos. E quem não faz, quem não corre risco, não erra. E quem não erra sobrevive no trabalho e às vezes fazem uma brilhante carreira... Se você quer implantar uma idéia nova, um sistema mais moderno, organizar algo de outro modo, eles são os primeiros a dar o contra. Dizem logo que um amido dum conhecido do primo em segundo grau já tentou implantar aquilo e não deu certo.

Não são pessimistas expressos. Vão muito além. Por pessimista tomo aquele que acredita que uma coisa não vai dar certo. Mais por convicção e teimosia. Os jacarés não só dizem que não vai dar certo, mas vão muito além: Torcem para que dê errado. E se tiverem oportunidade dão até uma “mãozinha” para dar errado. Mais das vezes só pelo prazer de dizerem babando veneno: “Eu não disse que não ia dar certo. Vocês não me ouviram, agora taí”. Isso pra eles é tão bom quanto um orgasmo, é música aos ouvidos.

Quando eu era menino costumava assistir, na televisão em P&B, aos filmes em seriado do “Tarzan”. Um herói justiceiro que vivia em inóspito ambiente selvagem. Nos momentos de luta inglória e desigual do Tarzan contra um punhado de Jacarés, ele de tanga e munido apenas de uma faquinha contra aquelas bocarras abertas a querê-lo como refeição, a grande maioria dos meninos, corações aos saltos, torciam  pelo Tarzan. Mas um ou outro, já naquela época, torcia pelo jacarés. Esses meninos malvados, desde tenra idade, já manifestavam o que seriam na vida adulta: os próprios jacarés.

Portanto, amigos leitores, vos recomendo:

Livrem-se, sem dó ou ressentimento, dos jacarés do seu convívio, enquanto há tempo.






• Texto com registro de autoria
• Imagem: "Jacaré Caimam". Fotógrafo: Gustavo Longo